Dos caminhos que levam para o fim
- Salivrando - Nay Coelho
- 13 de out. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 23 de abr. de 2024

Quando algo se encaminha para o fim é como se tudo ao nosso redor já começasse a nos dizer, e nós, cegos para os sinais preferimos não ver.
O dia mais bonito e azul,
chega aos olhos em tons de cinza,
a música que fazia querer dançar,
se torna a primeira a parar de ser ouvida,
a comida já não sacia tanto
e muda de gosto no paladar...
Mas esse é o gosto do fim.
Amargo.
Intragável.
Delirante.
Avassalador.
As dúvidas inquietantes que necessitam de respostas urgentes,
se tornam as placas repetidas que como guias, apontam para direções aleatórias nesse caminho do fim.
Há ainda mais à frente, na primeira curva
a ausência do esclarecimento,
que despertam a cada passo a sensação de ter sido incapaz, de que poderia ter feito mais ou
reinventado
relevado
reparado,
mas não.
Os caminhos que levam ao fim tem cheiro de desespero.
As palavras que descrevem o fim tem significados cortantes
Tudo no fim é perfurante.
Machucam os pés, sobem à cabeça e estacionam no coração, pois são frutos de escolhas que, muitas vezes, não partem de nós, e mesmo quando infelizmente são, é porque fomos obrigados a fazer.
Só que o fim traz com ele mais uma certeza:
De que aquela dor não dura para sempre.
Em breve o azul do céu volta a ter o antigo esplendor.
Aquela música carregada de lembranças pode ser ouvida outra vez, sem cansar.
A comida aos poucos volta a ter sabor e traz o gosto da velha normalidade.
E assim,
O caminho para o fim parece uma estrada infinita, mas quando os olhos miram de longe o fim do percurso,
o gosto amargo na boca passa a ser mais doce, e quando aquela trilha sinuosa termina, encontramos algo melhor a nossa espera.
Quase uma regra em ritmo de mantra:
Machucar para depois curar
Sentir para enfim libertar
Essa é uma das poucas certezas que temos ao trilhar o caminho incerto do fim.
- Nay Coelho.




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